A Terapia do Esquema proporciona um novo sistema psicoterápico especialmente adequado a pacientes com transtornos psicológicos crônicos, até então considerados difíceis de tratar. A Terapia do Esquema pode ser breve, de médio ou de longo prazo, dependendo do paciente. Ela amplia a terapia cognitivo-comportamental tradicional ao dar ênfase muito maior à investigação das origens infantis e adolescentes dos problemas psicológicos. De acordo com Young os esquemas são causados pela vivência de experiências tóxicas que se repetem com alguma regularidade no decorrer da vida e que impossibilitam o preenchimento de necessidades emocionais essenciais do ser humano (vínculo seguro com outras pessoas, incluindo proteção, estabilidade e segurança; autonomia, competência e senso de identidade; liberdade para expressar necessidades e emoções; espontaneidade e diversão; limites precisos e autocontrole).
São “crenças e sentimentos incondicionais sobre si mesmo em relação ao ambiente”, representando o patamar mais profundo da cognição, e “operam de modo sutil, fora de nossa consciência”, extremamente estáveis e duradouros que se desenvolvem cedo durante a infância, “são elaborados ao longo da vida e são disfuncionais em um grau significativo”, compõe núcleos profundos do self refletidos na auto-imagem tácita, como uma visão orgânica e inquestionável de si mesmo. São rígidos e incondicionais, por exemplo, quando o paciente sente que, não importa o que possa fazer, não será amado, mas sim abandonado e traído em sua confiança. O indivíduo percebe o EID como uma verdade, em um primeiro momento, irrefutável e a aceita como uma realidade intrínseca, essencial. Outras características importantes dos EIDs são seu caráter auto perpetuador e sua resistência à mudança. Mesmo que o indivíduo seja enormemente bem sucedido na vida, isso não acarretaria alteração do esquema disfuncional. Os padrões cognitivos e emocionais que configuram um esquema desadaptativo ocasionam respostas desadaptativas. Os estilos de enfrentamento desadaptativos, apesar de auxiliarem o sujeito a não experimentarem as emoções intensas e opressivas engendradas pelos esquemas, servem como elementos importantes da perpetuação dos mesmos. Young identificou 18 Esquemas Iniciais Desadaptativos agrupados em cinco categorias: (Young et.al., 2003).
Desconexão e rejeição
Em geral, esses pacientes sofreram com experiências infantis traumáticas, pois as famílias costumam apresentar características de instabilidade, abuso, frieza, rejeição ou isolamento do mundo exterior. Esse domínio é formado pelos seguintes EIDs: abandono/instabilidade, desconfiança/abuso, privação/emocional, defectividade/vergonha e isolamento social/alienação.
Limites prejudicados
Indivíduos com esquemas nesse domínio geralmente são oriundos de famílias demasiado permissivas, nas quais a imposição de limites foi falha. Isso colabora para a falta de limites no cumprimento de regras, autodisciplina e respeito aos direitos alheios. Como principais características, esses indivíduos têm o egoísmo, a irresponsabilidade e o narcisismo. Dentro desse domínio estão os EIDs: merecimento/grandiosidade e autocontrole/autodisciplina insuficientes.
Orientação para o outro
Indivíduos tendem a manter uma postura de atender a todas as necessidades dos outros em detrimento das suas no intuito de receber aprovação e evitar retaliações. Em geral, suas famílias estabeleceram relações condicionais, ou seja, só dava atenção e aprovação caso a criança se comportasse da maneira desejada. Os pais valorizavam muito mais as suas necessidades emocionais ou a “aparência” do que as necessidades da criança. Nesse domínio, estão inclusos os esquemas: subjugação, auto sacrifício e busca de aprovação/busca de reconhecimento.
Supervigilância e inibição
Pessoas com esquemas nesse domínio reprimem seus sentimentos e impulsos com a finalidade de cumprir regras rígidas internalizadas, em prejuízo de sua própria felicidade, relacionamentos íntimos e boa saúde. Normalmente, as famílias têm características rígidas e repressoras, sendo que os sentimentos não podem ser expressos de maneira livre e o autocontrole e a negação de si próprios predominam sobre outros aspectos. Nesse domínio, podemos citar os seguintes esquemas: negativismo/pessimismo, inibição emocional, padrões inflexíveis/postura crítica exagerada e postura punitiva.
É importante notar que os esquemas contêm “memórias, emoções, sensações corporais e cognições” (Young et. al. 2003), mas não envolvem as respostas comportamentais; o comportamento não é parte do esquema, é parte do estilo de enfrentamento.
O primeiro objetivo da Terapia do Esquema é a consciência psicológica. O terapeuta ajuda os pacientes a identificarem seus esquemas e a se tornarem conscientes de suas memórias de infância, emoções, sensações corporais, cognições e estilos de enfrentamento associados a eles. Quando os pacientes repetem padrões disfuncionais baseados em seus esquemas, o terapeuta os confronta, empaticamente, com as razões para a mudança. Por meio de uma “recuperação parental limitada”, o terapeuta fornece a muitos pacientes um antídoto parcial às necessidades que não foram atendidas adequadamente na infância.
Uma vez que entendam seus esquemas e estilos de enfrentamento, os pacientes começam a exercer algum controle sobre suas respostas, aumentando o exercício de livre-arbítrio em relação aos esquemas.
Referências:
Young JE. Terapia cognitiva para transtornos da personalidade: uma abordagem focada em esquemas. Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese. 3a ed. Porto Alegre: ArtMed; 2003.
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