Codependência Afetiva

A codependência é uma condição específica de âmbito psicológico, comportamental e emocional, que se caracteriza por uma dependência excessiva de um indivíduo em relação ao outro e é um estado de difícil diagnóstico, fundamentada pela falta de reciprocidade. Essa dependência é gerada por um vínculo malformado com a principal figura de apego na infância, no qual a criança tinha uma enorme necessidade de se sentir amada e aceita, provocando transtornos nos relacionamentos da vida adulta, em que a pessoa procura, no outro, o suprimento do afeto inexistente. É também multifatorial, sendo influenciada por fatores neurológicos e psicológicos.
A codependência é um padrão de vínculo disfuncional que se transfere para a maioria dos vínculos. Nesse processo, o desejo do outro é colocado em primeiro plano e torna-se mais importante do que seus próprios desejos, as pessoas deixam de se escutar, de perceber o que querem, em detrimento da outra. Assim, o outro é sempre mais importante do que si mesmo. O “nós” predomina sobre o eu. E por meio da opinião do outro, esse indivíduo codependente não é capaz de perceber seus sentimentos, quando estes se referem à própria pessoa.
Essa percepção de mundo é perigosa, em razão de que as próprias necessidades pessoais são formuladas e definidas apenas na presença do outro. O codependente vive em um estado de tensão permanente, e isso pode gerar  impulsividade, medo, insegurança, dificuldade em expressar sentimentos, incerteza do futuro, medo de errar, culpa, justificativa para o insucesso, necessidade de ser útil acompanhada de sofrimento, competição e disputa para sempre ter razão, ambivalência entre afeto, raiva e frustração, baixa autoestima, ansiedade em querer mudar o outro e controlá-lo, excessiva negação, vitimização, estresse, indignação, mágoa, falta de afeto, desvalorização, doença, depressão, alterações de humor, frustrações.
O codependente perde sua identidade em função de agradar os outros para buscar recompensa, passando, então, a viver para cuidar e controlar o outro. Os codependentes assumem indevidamente a responsabilidade e podem ser vítimas de abuso físico e/ou sexual. Há uma concessão extrema, desnecessária, permissiva, na qual a pessoa se deixa na mão do outro.
A codependência é uma relação conflituosa, na qual os relacionamentos iniciam com uma sensação de bem-estar, no entanto, com o passar do tempo, um dos parceiros sente-se cada vez mais dependente do cuidado e apoio do outro. O outro precisa existir para que, dessa forma, o codependente viva e seja feliz.
Apesar de a codependência ser um comportamento aprendido, do qual o indivíduo precisa se livrar, muitas vezes isso significa romper um relacionamento patológico, o que é muito difícil para o codependente.  A codependência pode afetar mulheres e homens. As mulheres são conhecidas como “mulheres que amam demais”, em que qual ela não se reconhece como vítima na relação conflituosa, tampouco consegue reagir a uma situação de violência. A codependência afetiva é acompanhada por uma dificuldade real em permanecer sozinho.
O tratamento da codependência é difícil e complexo, centra-se na dificuldade do indivíduo que sofre e choca-se com as suas mudanças emocionais e comportamentais na tentativa de melhoria na relação com o outro. Há quem se mantenha na codependência a vida toda para não ter que passar pelo angustiante processo de separação.
Contudo, para quem identifica que é codependente e deseja apoio profissional, é altamente recomendável procurar um profissional da psicologia.
Artigo publicado com exclusividade no portal Sinapsys.News: https://sinapsys.news/quando-o-outro-e-sempre-mais-importante-do-que-si-mesmo/